Frei Rogério
Em 2002
resolvi conhecer alguma colônia japonesa em Santa Catarina. Por acaso do destino,
no dojo onde eu praticava Aikido, havia uma garota de Frei Rogério,
coincidentemente da 1° colônia japonesa de Santa Catarina. Ela compartilhava do
dojo com meu professor onde ela ensinava Kendô nos intervalos de sua faculdade.
Ao seu convite fui para Frei Rogério participar do Sakura Matsuri e fiquei
hospedado na sua casa.
Dojo de Kendô
(Sua forma é uma abstração do pássaro Tsuru)
Minha primeira impressão foi ficar
maravilhado com a beleza natural do lugar. Ao atravessar a ponte e entrar no
Parque Sakura me senti entrando em outro mundo. Além da beleza natural da
floração das Cerejeiras, o cuidado e limpeza do parque me impressionaram
muito. As apresentações durante a festa
foram ótimas e poder conhecer o dojo de kendô, este o primeiro do Brasil foi
uma grande satisfação, ainda mais depois de saber que os praticantes de kendô,
filhos dos integrantes da colônia já haviam conquistado as colocações de 2° e 3°
lugar em competições mundiais, demonstrando a força destes imigrantes.
Fiquei
hospedado por dois dias na colônia e pude compartilhar um pouco do modo de vida
e de ser destes Isseis (imigrantes japoneses de primeira geração). Voltei para
Blumenau muito satisfeito com a experiência e agradecido pela hospitalidade da
família Honda que por dois dias me abrigou em seu lar.
Nos anos
seguintes organizei algumas excursões e levei alguns amigos para conhecerem o
lugar, mais precisamente no dia da festa da floração da sakura (Sakura Matsuri).
Fiz isso por uns 03 anos seguidos, depois por estar envolvido com minha
graduação, profissão e demais coisas que faço em paralelo acabei deixando de
visitar a colônia.
Em 2008 minha
vontade de conhecer mais sobre mim e meu fascínio pela cultura japonesa me
fizeram ir a São Paulo e Maringá. Participei de muitos eventos e fiz muitos
novos amigos, e em 2009 resolvi voltar a Frei Rogério para ver como andavam as
coisas por lá.
Novamente
minha paixão pelo lugar falou alto, apesar do tempo, toda aquele fascínio que
tive a primeira vez em que Lá estive voltou. O lugar mudou um pouco, ganhou uma
casa de forma octagonal e um portal na entrada do parque. Um mudança singela em
7 anos.
(Yumi dono)
Desta vez
comecei a ver o parque com outro olhar, e me surgiu um pensamento de como eu poderia
contribuir para manter toda essa natureza, essa cultura e preservar essa
história para que mais pessoas pudessem ter esse sentimento que eu estava tendo
pelo lugar. Como estava às vésperas da minha conclusão de curso em arquitetura
e urbanismo resolvi que uma revitalização do parque, com ênfase na preservação
da história, cultura, memória e preservação da natureza poderia ser meu tema de
trabalho de conclusão do curso, mas isso não seria o suficiente, teria que entrar
no projeto do parque uma forma de gerar renda para as pessoas da colônia, para
que não houvesse o êxodo rural.
Em 2010 entrei
em contato com uma outra garota da colônia que intermediou uma reunião com os
diretores do parque. Na reunião expressei minha paixão pelo lugar e que eu
estava disposto a fazer um projeto de revitalização do parque e este seria meu
presente para eles.
Começou então a partir deste momento uma nova amizade e uma
nova paixão pelo parque, pois agora eu estava me envolvendo com as pessoas do
lugar, e a simplicidade, amizade e pureza destas pessoas que passei a admirar
fizeram com que eu me apegasse mais ainda ao lugar.
Hoje viajo
regularmente à Frei Rogério, onde em cada visita discutimos algum aspecto da
revitalização do parque. Cada viajem é um encontro com a natureza, um encontro
comigo mesmo e um encontro com pessoas que vieram de muito longe, batalharam,
suaram e conseguiram fazer deste lugar o seu lar.
Dedico esta postagem a vocês queridos amigos da Colônia Ramos de Frei Rogério, pelo carinho que tem me recebido, amizade e companherismo. Temos um longo caminho pela frente, e um grande compromisso com a história e a natureza deste lugar.
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